God jul og et Godt Nyttår

Então  é  foi Natal. E passar o Natal longe é bom e é ruim.

Vamos falar a verdade, Natal é feito mais de expectativas do que qualquer outra coisa: reencontrar a família e os amigos, a casa decorada, comidas deliciosas que nunca acabam, cerveja gelada e presentes do bom velhinho porque você se comportou bem o ano todo.  Porém nem sempre é assim né? Nem todo mundo aparece, tem quem tá chegando mas nunca chega e você fica morrendo de fome, aí a cerveja tá quente, como o resto da casa, a Simone tá cantando, tem uva-passa na farofa e pêssego no tender. E nem continuo a falar dos presentes pois eles são sempre aquela briga entre expectativa x realidade.

Quando se está longe tudo é novo e a expectativa é quase zero: não tem farofa nem guaraná, não tem peru nem tender bolinha. Não tem família e se o número de presentes está diretamente relacionado ao número de parentes, você está lascado. Logo o que vier é lucro.

Não sei se é sorte nossa ou se os noruegueses são realmente assim, porém tivemos uma noite de natal maravilhosa. Fomos recebidos por um família que nos alimentou, nos deu de beber e de sobra ainda ganhamos algumas lembranças. A comida era Pinnekjøtt, a bebiba era Aquavit e o lembrança foi Guaraná. Bebemos, comemos e nos divertimos por quase 5 horas todos arrumados, com terno e gravata, e tive um Natal, que claro, foi longe dos meus sobrinhos, da Má e do Pá, mas foi aconchegante e divertido e longe de qualquer coisa que eu podia imaginar. Só digo que valeu a pena ter me comportado.

Para a véspera de Ano Novo, uma festa temática, com tapas, cava, e muitas cerveja gelando na neve! Sem fogos, sem amigos, mas com muito amor!

Espero que todos tenham tido um Feliz Natal, o que quer que isso signifique pra você, e desejo um feliz, incrível, prospero e cheio de saúde 2015!

 

O custo doméstica: DIY

Quando viemos morar Noruega tivemos que abrir mão de algumas coisas. Faz parte do processo de se fazer escolhas. Não se pode ter tudo na vida, certo?  Trabalho foi uma delas, temporariamente pelo menos. Até meu visto de permanência sair, que pode ser a qualquer minuto ou em até um ano, eu não posso trabalhar.  Então, nesse período, com um salário a menos, é preciso fazer mais escolhas aonde  e com o que gastar o nosso dinheiro.  Ou seja, o que pode ser feito por nós mesmo está sendo feito por nós mesmo no melhor estilo do it youself – faça você mesmo.  Lê-se faxina.

Ainda mais morando na “Europa”, faxina é o que os europeus mais fazem eles mesmos. E estou ficando mais européia a cada faxina que eu faço. E ficando melhor também e mais rápida.

Aí no Brasil a galera reclama de fazer qualquer coisinha, mas quando se vem morar aqui, ou na maioria dos países, você não tem emprega. Porque é mais caro, sim, mas também porque se você tiver uma ou você é rica ou você é preguiçosa. Acho que não sou uma dessas pessoas que você olha na rua e você sabe que é rica, então não quero ser preguiçosa também. Parti pro supermercado pra ver o que os noruegueses tinham pra me oferecer quando o assunto é limpeza. Tirando a creolina, os produtos parecem os mesmos, mas alguma coisa na fórmula deve ser diferente, pois qualquer produto vagabundo parece limpar melhor do que o melhor produto no Brasil.

Porém o que me surpreendeu mais foram os produtos dentro de casa: máquina de lava e secar roupa, o mop e seu amigo baldinho e os meus favoritos: um giga aspirador de pó fixo com buracos pelas paredes da casa que você pluga o cano e vupt – suga tudo e a linda máquina de lavar louça.

Não sei porque, mas eu sinto rola um certo preconceito com esses produtos por aí, seguido do pensamento de a faxineira vai usar mais do que você e que provavelmente ela vai quebrar antes que você use. Porém não tem nada melhor do que uma boa máquina de lavar louça e um aspirador de pó, foi algo que nunca dei valor, mas agora não saberia viver sem eles.

A verdade é que somos muito mal acostumados. Não sabemos ser diferentes em relação a limpeza. Elas nos parece um bicho de sete cabeças, mas depois que você pega o jeito para de reclamar que tem que fazer e fica mais fácil, até mesmo porque , e aqui entra a minha teoria, se você limpa você tenta não sujar tanto. E com o tempo some da sua cabeça a ideia de que precisa achar uma boa faxineira.

Então eu aspiro, lavo, seco, encho e esvazio a máquina de lavar louça, passo pano na casa, lavo banheiro, box e vazo sanitário, tiro pó e agora ainda faço meus próprios gingerbread man.

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A verdade é que tem muita coisa que ainda estou aprendendo como fazer de forma correta e otimizando meu tempo. E sempre que dá preguiça lembro da minha amiga Nicola, britânica, mãe em tempo integral duas crianças lindas e super educadas que comem curry e cogumelos. Ela lava, passa, cozinha, faz os melhores brownies do mundo, brinca, leva e busca da escola, lê historinha antes de dormir e corre nas horas vagas. Ela me inspira a achar tempo e aprender a passar minhas roupas. Já falei pra que essa vai ser umas das minha resoluções de ano novo: começar passar meus lençóis de cama, assim que o Bjørn comprar o ferro de passar.

Norueguesas não sentem frio.

Vamos estabelecer dois fatos: 1) norueguesas não sentem frio e 2) norueguesas, em sua maioria, tem perna fina.

Tendo esclarecido isso posso afirmar que é quase impossível achar uma calça jeans pra mim. Porque além de brasileira e possuir um darrière avantajado, comparando mais com as nórdicas do que com as brasileiras, sou gordinha, não com muito orgulho, mas com menos vergonha do que deveria.

Devo ser um caso raro de gordinha que sente frio, mas sinto, e já sentia no Rio de Janeiro, com mínima de 24ºC. Então me ensinaram o poder das camadas e da lã. Bem, vocês podem imaginar o que camadas de lã adicionam ao meu perfil. O resultado é a completa frustração ao tentar achar uma calça jeans, porque além de vestirem roliças coxas elas precisam também cobrir as, no plural mesmo, meias-calças.

Pra piorar eu não estou acostuma a comprar em lojas aqui, a numeração é diference, os modelos também, isso torna a procura um pouco mais exaustiva. No Brasil eu já sabia o que ficava bom, em que lojas tinham modelos que achava que me serviam melhor, então, mesmo sendo gordinha de perna grossa, eventualmente achava alguma coisa.

Aqui você nas lojas mais “populares” Cubs, H&M, Lindex, os modelos se resumem a skinny cós baixo, skinny cós alto, super skinny, shaping skinny regular fit, super skinny super cós baixo…. e isso é cópia do que esta escrito no site da H&M Norge. Sem ser dramática de mais, existe dois tipo que acho que daria mas que nunca achei o meu tamanho na loja física. Isso porque ainda tenho certa compostura e me recuso a experimentar o jeans de mãe. Os outros pode não saber, mas EU vou saber.

Tudo isso pra dizer que me identifiquei, imensamente, como se aquela fosse eu, com um trecho do livro  “Not That Kind of a Girl” da Lena Duhan, escritora americana, famosa por escrever e atuar na série da HBO, Girls. Ela diz assim:

“As calças nunca me servem, a menos que eu vá na seção de maternidade, então compro basicamente vestidos sem cortes e casacos de tricô engraçados*”.

E é isso que eu tenho vestido, muitas camadas de meias-calças, vestidos e por enquanto são sweaters normais, mas tem cada um que quero comprar:  de natal, coloridos, de texturas diferentes, pq afinal é só isso o que as pessoas vão ver do meu outfit.

Ainda estou no primeiro capítulo, mas a introdução do livro, ou quase a justificativa que ela dá porque a história dela é importante de ser contata e ouvida já vale muito a indicação. É mais sobre como você pode aprender como os erros de uma pessoa comum que faz besteiras e passa por muitas, muuuuitas no caso dela, situações embaraçosas. E acredito muito na desmistificação de modelos atrizes e personagens famosos e apesar de algum jeito ter glamour na vida dela, porque agora ela é famosa, granhou emmys e tudo mais, é muito fácil de se relacionar com as coisas que ela conta. De novo, estou no primeiro capítulo, mas como falei para minhas amigas, ela cita Angela Chase, não dá pra ficar ruim. Fica a dica de presente de natal pra vocês o livro dela.

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* – estou lendo o livro em inglês, então essa tradução foi minha, livre.