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364 dias depois

Há exatos 365 dias atrás eu entrava no carro em direção ao Aeroporto Internacional do Galeão, com duas malas de 32kg, rumo à Noruega, deixando para trás amigos, família, sobrinho na barriga da mãe, o sol, o calor, e mais um monte de coisas que, mesmo depois de 12 meses, ainda me fazem falta.

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Não foi fácil e ainda não é fácil viver aqui e escolher estar aqui. Entretanto é maravilhoso poder viver em outro país, aprender outra língua, viver em outra cultura, conhecer novas pessoas… é um mundo se abrindo diante dos meus olhos.

Bergen com toda sua chuva me fez entender que existe vida em dias nublados, que não é porque está chovendo que vai ter muito trânsito e que tudo ainda vai estar funcionando como se fizesse 40ºC. Aliás, Bergen me fez esquecer o que é sensação térmica de mais 30ºC e fez acreditar que 25ºC, quando faz, é verão.

Aprendi também aqui que não precisa ser uma cidade grande como São Paulo para ter shows legais ou programas culturais interessantes. Basta oferecê-los que as pessoas irão. E é impressionante como as pessoas vão, mesmo com chuva! Deveriam fazer uma pesquisa sobre acontecimento único.

Mas esse post é uma celebração ao  Brasil e de como certas coisas fazem parte da cultura local e que essas coisas são difíceis de importar.

Aqui vai então a minha lista de coisas que sinto falta no Brasil/Rio de Janeiro e que vou fazer assim que tiver a oportunidade de visitar. A maioria envolve comida, eu sei, mas para mim comida tem um significado maior e muito emoção e memória ligada à ela.

Acho que minha “comida” favorita é pastel, mas o que eu mais sinto falta aqui não é de pastel, mas de acordar aos sábados e ir na feira da General Glicério, comer um pastel de feira e tomar um caldo de cana com limão enquanto penso no almoço de sábado: uma boa paleta de porco, sobre-coxa de frango ou melhor ainda, uma boa muqueca de namorado ou um ceviche.  Sem dúvida umas das minhas melhores memórias de quando morava em Laranjeiras e só gringo pode pensar em sugerir um passeio no Fisktorget daqui como substituto. Apesar de ser um ponto turístico, o mercado de peixe daqui é para turista e nem tem um terço das variedades que encontramos nas nossas feiras. Não estou dizendo que é ruim, só é diferente.

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Já que estamos falando de feira, outra coisa que sinto falta aqui são nossas frutas. A globalização tornou possível o acesso à frutas tropicais, mas aqui só tem um tipo de banana, a manga não tem cheiro e é impossível fazer um mousse de maracujá aqui. Algo tão comum para mim era comer o mousse de maracujá feito à partir do suco concentrado. Só vi maracujá pra vender uma só vez, junto com as frutas exóticas,  e nem era como o nosso maracujá,  que é amarelo por fora, e custava 29 coroas duas unidades pequenas – algo em torno de 13 reais. Verdade seja dita, eu até como mais frutas aqui do que no Brasil: mais ameixas e nectarinas, muita tangerina na época do natal e todas as “berries” que você possa imaginar: cereja, mirtilo, oxicoco, amora, framboesa e morango. Porém, quando eu chegar no Brasil, quero manga espada e manga palmer, comer de escorrer pelos braços, fruta do conde, picolé de graviola e uma penca de banana prata. E mousse de maracujá, claro.

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Talvez por bebida alcóolica em geral ser o olho da cara, aqui não se tem o hábito de sentar num bar e ficar pesticando frituras gordurosas e deliciosas enquanto toma-se aquele chopp. Quando norueguês vai beber num bar ele come amendoim e outras nuts. Aos poucos até percebo a ideia de tapas ficando mais popular, mas ainda assim é bem diferente do nosso informal chopp e petisco. Pode ser os pastéis de feijoada do Mineiro, as empadas de camarão do Caranguejo ou qualquer um dos itens do cardápio da Kátia Barbosa, não tem sensação melhor de estar passeando e decidir parar num bar, pedir um chopp e dois pastéis, relaxar e não se preocupar se perder a hora do almoço. Esse conceito, entretanto, vai contra tudo o que os norugueses acreditam: planejamento, pontualidade e comida saudável. Depois de tanto petisco, tô achando que vou conciliar minha visita ao Brasil junto com a próxima edição do “Comida de Buteco”.

Essa, só quem é carioca vai entender: mate com limão e biscoito Globo na praia. E nem precisa explicar muito porque a combinação praia + sol + mate + biscoito globo é tão carioca quanto é gostosa. A matemática é clara. Esse itens sozinhos são bons, mas juntos eles se completam e formam o quadrilátero da perfeição do final de semana carioca. Aqui tem praia e as vezes tem sol. Minha mãe trouxe mate para mim e eu até poderia fazer biscoito globo. E num milagroso sábado de sol do ano eu poderia combinar todos esses elementos numa praia daqui, mas alguém acredita que ia ser a mesma coisa?

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Outra coisa que pode ajudar a vocês entenderem minha lista são minhas origens. Minha família veio do nordeste e se tem uma coisa que lembra minha infância e minhas férias na casa dos meus avós e primos, são as comidas nordestinas. Eu como farofa como os noruegueses comem batata! Tem dias que desejo um arroz branquinho recém feito com a feijoada da minha mãe. Sem falar na rabada que ela faz! Já tô salivando só de pensar. E não precisa nem ir até o nordeste para pensar em comida gostosa. Tem dias que sinto falta só daquele galeto com batata frita e molho à campanha. Claro que tem galinha aqui e eu poderia fazer um frango assado. Mas qual é a graça de fazer seu próprio frango assado?

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Sempre impliquei com minha mãe porque ela cozinhava prum batalhão. Comida lá em casa podia não ser chique, mas nunca faltou. Mesa farta pra duas, quatro ou dez pessoas. Enquanto por aqui, já ouvi dizer que, antes da refeição, eles perguntam quantas batatas você que comer. Verdade ou não, nunca cheguei a ficar com fome, mas nunca vi uma mesa tão bem servida quanto nas festa de família. O mesmo vale para restaurantes. Onde já se viu um brunch com pouca comida? E qual a graça de ir num restaurante japonês e não ter rodízio? Será que preciso falar alguma coisa sobre nossas churrascarias? Com a cabeça de gado mais caro que o barril de petróleo, agora entendo esse frenesi gringo em torno do nosso churrasco. Dependendo da hora que chegar meu vôo, acho que prefiro passar no Porcão Rio’s antes de tudo (se bem que já ouvi dizer que eles não estão tão bem das perna não…)

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Existem claro outras coisas, como chopp na mureta da Urca, comprar vinho na hora e aonde quiser, morder as coxinhas do meu sobrinho, ensinar minha sobrinha a fala “tante Gaby” (tia gaby em norueguês), tirar cochilo no sofá da minha mãe, pic-nic na Lagoa com as amigas, Stand Up Paddle no posto 6 e a lista continua sem fim.

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Um ano morando na Noruega me ensinou, entre tantas coisas, duas em particular: comer na rua é extremamente caro para ser feito regularmente e, por isso, desenvolvi, e muito, minhas habilidades culinárias que hoje vão muito além do bife com arroz e feijão. Até quando o assunto é cozinha, eu posso dizer que saí da minha zona de conforto e, apesar de ter variado e aumentado meu livro particular de receitas, vai sempre continuar existindo pratos típicos que vão me lembrar pessoas, lugares e momentos  que por mais que eu repita aqui, vai faltar aquele temperinho que só encontro na casa da minha mãe, na mesa com meus amigos e naquele bafo do verão carioca.

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Deixe estar Rio de Janeiro, e agora São Paulo também, que um dia eu chego de volta aí e vamos ter muito o que conversar.

Pode deixar nos comentários o que você sente ou sentiria falta, se fosse você. Tente não ficar no básico de família e amigos.  Fecha o olho e se imagine acordando naquele lindo dia de sol e que você é seu único compromisso. Pode ser qualquer coisa.

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Querida Oslo – Parte 1

Sem trabalho e sem visto minhas opções de férias de verão ficaram bem reduzidas, mas não posso reclamar porque tirar férias é luxo para quem tem trabalho e  visto. Dito isso, nosso destino, quase único, foi seguir em direção a Oslo, capital norueguesa, para ficar na casa de parentes.

Depois de um ano morando numa cidade com um pouco mais de 250 mil habitantes, chegar em Oslo é parecido com sair de São José dos Campos, interior de SP, em  direção à São Paulo, capital: é bom mas é ruim. É bom porque de repente você vê um monte de gente diferente numa cidade enorme, mas é ruim porque é gente demais numa cidade que nunca termina.  Vale lembrar que Oslo tem, aproximadamente, 620 mil habitantes – ainda bem longe de Copacabana.

Oslo

Oslo

Com uma cidade tão grande assim, só mesmo dividindo o post em duas partes para pode contar tudo o que aconteceu por lá. Nada muito espetacular, mas muita coisa diferente daqui de Bergen. Vou começar falando de Oslo e pra deixar com água na boca, deixo o segundo post para falar, aí sim, das minhas lindas férias de verão Norueguês, com direito a muito sol, num lugar maravilhoso chamado Fagerstrand.

Vou te contar que Oslo, tirando os noruegueses, é muito parecida com todas as cidades européia, eu imagino. Na Europa só fui pra Espanha, mas estou assumindo que Buenos Aires é parecido com muitas cidades européias, pois é o que eu escuto falar. Arquitetonicamente falando, Oslo “modernizou-se” bem mais que Bergen, e, apesar de ainda ser possível ver algumas casas de madeira, vemos muitos mais prédios baixos com varandas, bem característico da Europa.

Em 2012 visitei Oslo pela primeira vez. Foram poucos dias no meio das chuvas e dos dias cinzas de Novembro, quando só nós, os turistas, nos aventuramos a ficar na rua. Nunca imaginei encontrar outra cidade no verão. Além das ruas cheias, bem mais cheias que três anos atrás, vemos o comércio aberto com seus produtos de lado de fora e aberto até mais tarde; feiras de todos os tipos; pessoas pegando sol no jardim; cachorros passeando; sorvetes; óculos de sol; calor e suor.

Vigelandpark

Vigelandparken

Com tanto sol, dessa vez não tive desculpa de não visitar o Vigelandsparken, ou Parque Vigeland. É um parque GIGANTESCO (320.000m²), construído por Gustav Vigeland, que é mais conhecido por suas, também grandes, esculturas.

Vou te dizer que é um dos parques mais lindos que já vi na vida. Tá, eu nunca fui no Versailles, mas ainda assim, é lindo de mais. E nem tivemos tempo de aproveitar todo o parque, de ver todo o gramado, ou de ver as exposições e outros eventos que eles organizam. Só ficamos por entre das esculturas e só isso foi suficiente para me apaixonar. Passei uns bons minutos tirando muitas fotos!

Vigelandparken

Vigelandparken

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Outra parte que gostei muito foi a região de Grunnerløkka a área hipster de Oslo. Mas de fato, lá tem um clima meio Brooklyn ou até St. Market Place, em Nova York, com suas lojinhas vintage e seus cafés chiques. Além das praças e feirinhas. Tem como não amar? Um dica, ou melhor, duas dicas de onde comer ficam nessa área:

Ostebutikken

Ostebutikken

A primeira é um bistrô MARA e SENSA chamado Ostebutikken, ou loja de queijos, onde almoçamos uns mariscos deliciosos. Cheio de personalidade e queijos, deixa você com vontade de ficar lá o dia todo experimentando tudo o que eles servem.

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Mais se você é mais ogro a dica é o Munchies, uma hamburgueria sem meias palavras. Nada de gourmet por aqui a não ser o gosto dos sanduíches. São seis opções de hamburguer, sendo um vegetariano, podendo incluir ingredientes extras e batatas fritas – fritas à perfeição – e uma longa lista de cervejas para acompanhar. Do que mais você precisa?

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Família comendo no Munchies

Aproveitando ainda nossa passagem por Oslo, não podemos deixar de ir no Øyafestivalen um dos maiores festival de verão daqui, com 4 dias de shows e mais de 280 bandas. Além de muitas  bandas internacionais famosas – vi Belle & Sebastian mais uma vez!!! – o festival é conhecido por dar espaço para banda locais, o que é bem legal!

Bilheteria do Øya 2015

Bilheteria do Øya 2015

Há dois anos o festival acontece no lindo “Tøyenparken” – outro parque, e conta com 4 palcos super bem posicionados, fazendo com que pareçam uma arena. Eles ainda oferecem água de graça e pontos de reciclagem!  Quem já foi em Rock in Rio sabe bem a vantagem de água de graça e do mar de garrafas que fica perto dos palcos. No Øya é tudo limpinho! Organização incrível!

Palco "Amfiet"

Palco “Amfiet”

E teve mais um monte de café e sobremesas que nem dá pra colocar tudo aqui se não ia virar a história sem fim! Isso porque de 12 dias, só ficamos 4 em Oslo, o resto ficamos num paraíso chamado Fagerstrand, na casa de campo da família. Só pra deixar uma água na boca, fica aqui uma foto de como eram nossos finais de tarde.

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Pôr-do-sol em Fagerstrand

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Road trip para Voss e Eidfjord

“Bergen é a porta de entrada dos fiordes noruegueses” é o que vai te dizer todos os guias. De fato é daqui que partem muitos barcos e cruzeiros navegando em busca das grandes montanhas de gelo. Outra opção para conhecer os fiordes  é uma viagem muito conhecida dos turista, Noruega numa Casca de Noz,  que você pode escolher sair de trem de Bergen até Voss e depois um ônibus até Gudvangen e aí o cruzeiro até Flåm ( no site você pode escolher e montar muitas opções).

ROAD TRIP

Road Trip

Road Trip

 

Meus pais fizeram essa opção indo até Oslo, e apesar do frio, acharam tudo muito lindo. Por isso decidimos alugar um carro, que é muito em conta por aqui, e dirigir até Voss.  A sensação é de fazer Rio – Petrópolis: 90 minutos de lindas paisagem mas sem as inúmeras curvas.

 

Voss

Voss

Voss

Voss

 

VOSS

Voss é uma cidade bem pequena, micro até, e o que mais tem para fazer são atividades ao céu aberto como rafting, caiaque, parapente e claro esquiar. E é lá que fica também a Voss Brygerri, a micro cervejaria local, deliciosa by the way.

 

Treino de parapente.

Voss – Treino de parapente.

 

Confesso que nada foi planejado e como nunca tinha ido, fiquei perdida sem saber o que fazer e só ficamos de turistas, passeando e tirando fotos. Vale acrescentar que o mundo é de um tamanho de uma azeitona, enquanto almoçávamos  encontramos um casal de Bergen –  brasileira e norueguês – e que o rapaz já tinha conhecido a mãe do Bjørn, no avião, quando ela vinha do Rio para Bergen. Mundo pequeno ou não?

EIDFJORD

Seguindo nossa viagem, aceitei a dica de uma amiga e seguimos para Edifjord, mais uns 40 minutos de estrada. Preciso confessar para vocês: que paisagem de tirar o fôlego! Eidfjord é menor ainda que Voss, e até agora não sei o que tem para se fazer lá a não ser admirar a paisagem. Ela é umas das cidades que você vê em foto, quase uma praia no fim do encontro dos fiordes.

Eidfjord

Eidfjord

Hotel Eidfjord

Hotel Eidfjord

 

E culminado com a vista linda, 19ºC , sem vento e uma cerveja gelada. Quando você vem morar em lugar frio, o que mais se dá valor é o sol esquentando sua pele. E assim ficamos. Passamos o resto da tarde/noite sentados no Quality Hotel & Resort Vøringfoss e só curtindo o sol e a paisagem.

 

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Meus pais curtindo o verão norueguês!

Bjørnfjord

Bjørn ❤

Eidfjord

Meu pais

 

Pegamos a estrada para casa já eram quase 22h e a vantagem do verão é que voltamos com o sol se pondo ainda. Foi uma viagem cansativa, até porque erramos o caminho na volta, mais por falta de atenção do que por falta de placas, mas muito recompensadora. Além da vista linda ainda vimos alguns animas selvagens, como cervo.

 

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Vista da janela

 

E se você quiser ver mais fotos, pode dar uma passadinha lá no Flickr que tem mais coisa lá!

DICAS

Por ser perto de Bergen, optamos por alugar um carro e fazer uma bate-volta, ao invés de ir de trem/ônibus e passar a noite em uma dessas cidades. A estrada é bem sinalizada e mesmo sem um mapa decente conseguimos nos achar direitinho. A dica é prestar atenção nos pedágios. Aqui todos os carros tem um chip e eles mandam a conta do pedágio para sua casa, você não paga na hora. O valor final pode ser uma surpresa. Existem muitos pedágios dentro das cidades, que normalmente são baratos e os interestaduais são mais caros. Não é muito para os norueguês, mas para quem tá de férias aqui pode ser uma surpresa inesperada.

Outra dica é prestar atenção quando você estacionar. Sempre procurar a máquina de pagar o estacionamento e colocar o comprovante no carro. Poucos estacionamento você paga na saída. Acredite, você não quer correr o risco de levar uma multa. Você até pode recorrer, mas uma vez que você aceita dirigir em outro país você assume que conhece as leis de transito locais.  fuén!

A ultima dica é botar a mão no bolso e ir até o hotel de Eidfjord, passar a noite num dos quartos de frente para o fjord e aproveitar por do sol da varanda. Deve ser encantador. Sobre hospedagem em geral, tanto em Voss quanto Eidfjord existem opções mais baratas com Airbnb e muitos espaços para acampar.

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O verão de 2015 – aquela quinta-feira.

Quase um ano depois fico impressionada como eu me adaptei a condições climáticas, gastronômicas e linguísticas. Ainda tenho muito caminho pela frente, mas é com um passo que se começa.  Meu mantra sempre foi “quando passar o inverno, digo o que acho dessa cidade”. E aí passou o inverno: neve, dias frios e cinzas como a gente vê na TV.

E no outro dia chegou a primavera. A neve derreteu e o verde apareceu de novo; as plantas floresceram e você jura nunca ter visto tantas cores na vida. Os dias passam, as flores começam a murchar e quando percebe você sai de casa só com um casaco e pensa, “o verão está chegando, eu posso sentir”. Sabe nada inocente!

E o verão veio. Foi numa quinta-feira. Chegou na hora e, quando todo mundo embriagado de verão, ele saiu a francesa. Dizem que ele mandou beijo para todo mundo e que ia voltar.

É isso, o verão de 2015 é como aquele cara lindo que todo mundo quer pegar. Quando ele chega na festa to do mundo vê, mas ninguém vê ele indo embora. Mas a festa continua, mesmo sem a mesma graça, só por que ainda tem bebida. E semana que vem alguém vai dar outra festa e você acaba indo porque, vai que ele aparece de novo?

E assim tem sido os finais de semana. Sempre um churrasco na manga esperando o sol chegar. Quando ele chegar estaremos preparados, mas se ele não vier, nós nos divertimos!

Nunca vou me esquecer do verão de 2015, caiu numa quinta-feira. Coloquei o biquine e peguei um bronze, mas como não tirei foto, você vão ter que confiar na minha palavra.

A conclusão que eu cheguei é que o verão de Bergen é igual ao inverno do Rio. Lenda.

Mas não importa se o dia está cinza, se a temperatura não passa dos 15ºc e se até tem chovido bastante. É verão! Tá dizendo nos jornais, na TV e todas as lojas estão com promoção de verão! Estamos aproveitando o verão antes que ele acabe. Agosto tá chegando e já já alguém fala “the winter is coming” e aí não tem mais volta.

No próximo post vou contar um pouco sobre um passeio de carro que fiz quando meus pais estavam de visita. Eidfjorn é um dos lugares mais lindo que já vi por aqui.  Fica uma provinha de lá!

Eidfjord - Hordaland

Eidfjord – Hordaland

Melhores da Semana – 15/05/2015

Agora sim, melhores da semana no fim da semana!

Está sendo um prazer escrever essa coluna hoje. Estou na minha varanda,de camisa e chinelo, pegando um solzinho de 13º, sem vento, e já estou sentindo uma gotinha de suor se formando na minha testa. Já já me levanto para fazer um smoothie de frutas vermelhas.

Ontem foi feriado por aqui e eu fiquei em casa curando a ressaca moral e física depois que a minha privacidade, eu cantando no Karaokê, foi compartilhada pelo meu marido.  Não incentivo o consumo de álcool, mas é como dizem, nenhuma aventura começa com um prato de salada.

Mas vamos ao que interessa, sem dor de cabeça ou taquicardia, os melhores da semana no facebook!

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Turistando em Bergen.

Não importa onde moramos, sempre vamos tratar a cidade da nossa casa como um cidade comum. Depois de uma semana ela vira funcional e você esquece de olhar para os lados ou para cima e só olha pra frente.  Eu ainda gosto de flanar e tal então tento mudar o olhar, mas turismo só faz que é turista ou quem guia turista. Ninguém vai no Cristo Redentor só por ir. Times Square então, é odiada pelos novayorkinos.

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Girl’s Best Friend

Bergen é uma cidade bike-friendly, ou seja, ela convida você a ter uma bicicleta pois tem várias ciclovias ligando a cidade toda, tem um ótima sinalização, com placas aos longo do caminho te dando direção e distancia, e você ainda pode pegar ônibus com ela. Outras vantagens que a cidade oferece são clima, segurança e por ser uma cidade pequena nada fica muito longe. E essa semana o Estado anunciou novas ciclovias que serão construídas ao longo de 2015 .

Novas trechos de ciclovias que serão construídos em 2015

Novas trechos de ciclovias que serão construídos em 2015

Girl’s Best Friend Tudo isso pra dizer que eu tenho uma amiga nova! Ele é rodada, parece um pouco sem estilo de longe, mas lembra minha Ceci Lilás que ganhei de natal à mil anos atrás. Apesar de se bege, prevejo uma renovação no mais famoso estilo faça-você-mesmo. Ontem eu e Bjørn fomos comprá-la e eu voltei na garupa enquanto ele pedalava. Gente me deem uma licença pra ser piegas aqui, mas que momento romântico e delicioso foi voltar na garupa da bicicleta! Falei pro Bjørn que ontem me apaixonei por ele de novo. ♥

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E voltamos a programação normal

Depois de qualquer coisa que faço, gosto de parar e pensar um pouco em como tudo foi feito. Na verdade eu sempre gosto de pensar de mais nas coisas, às vezes ajuda, às vezes não. Na maioria das vezes ajuda.

A primeira coisa que me veio a cabeça foi que vir para Noruega é bem parecido com ouvir música experimental pela a primeira vez: no começo você não entende muita coisa, não sabe do que se trata e se sente um pouco sozinha num meio inóspito. Porém a partir do momento em que você abre seu coração, você começa ver a beleza, entender os sons, como funciona e cria coragem de conversar com outras pessoas. Tá certo que você ainda não entende tudo, mas já entende muito mais do que quando começou.

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O “ó” tem som de “u” – på norsk

Não é que aprender norueguês seja difícil, mas não é fácil também.

O fato de todo mundo falar inglês é uma enorme barreira. Por mais que eu queira exercitar o que aprendi, meu vocabulário é curto, uma vez que faz apenas três meses que estou aprendendo. Assim, quando vou a uma loja, por exemplo, começo com norueguês, mas quando chego na terceira frase eu já gastei todo meu vocabulário, já estou suando e gaguejando, não resisto e “then I start to speak in english” . E aí a conversa curta do meu pobre e mal conjugado norueguês se transforma. Os próprios noruegueses não tem muita paciência. Acham lindo que você esteja se esforçando pra aprender um língua confinada a um país, mas depois de dois minutos já voltam a falar com a velocidade normal e isso torna impossível você entender algo.

Aliás, ouvir é muito difícil. Todo mundo diz que eu e minhas amigas falamos rápido, então, claro que eu também acho que aqui eles falem rápido, mas o pior problema não é nem esse, é que, mais uma vez, como eu não domino a língua, além do sotaque, eles vão juntando palavras e mais palavras e formando uma outra. É como uma casa de verão na praia. Aqui seria algo como casadeverãonapraia, só que com muitos mais “k’s”, “ø’s” do que no Brasil. Por exemplo, batedeira aqui é a união das palavras “cozinha = kjøkken” e “máquina= maskin”ou kjøkkenmaskin. De novo, não é que seja difícil, mas primeiro você leva um susto com a quantidade enorme de consoantes, ai depois você entende que são duas palavras, aí você traduz. Então você perdeu quase um minuto em uma palavra. Até aqui meu texto já possui 287 caracteres. Imagina num diálogo?

E o que são os ditongos daqui? Mas pra aprender os ditongos é bom saber as vogais: A E I O U Y Æ  å ø (não consegui nem achar como colocar essas duas últimas em caixa alta no teclado). O “a” e o “é” são as mesmas coisas. Mas ó tem som de ú!!! E o “æ” é o som de uma ovelha berrando (exatamente assim que me ensinaram), o “å” tem som de “ô” e “ø” parece “oa”. Agora os ditongo: ei, au, øy, ai e oi. Lembrou de tudo?

Por isso que eu disse que mesmo não sendo difícil não é muito fácil. Eles não tem não muitas palavras, como os franceses mas os verbos não são fáceis quanto os ingleses. E um coisa me me perturba profundamente: alguém sabe me dizer porque em norueguês quase não tem palavras que começam com a letra “c”? Já olhei dicionários gigantescos e o número de paginas não passa de duas ou três no máximo, e a maioria das palavras são de origem inglesa. Vai saber…

E vai um vídeo nosso passeando aqui perto de casa 🙂 É o primeiro vídeo, então ainda está bem simples.

A música é da banda norueguesa Kråkesølv e chama “Ikke rart vi blir sprø“.

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O dia mais feliz da minha vida.

E como eu vim morar com um norueguês na Noruega, uma das exigências do meu pai era que nós nos casássemos antes de virmos, precisávamos casar oficialmente (já moravamos juntos fazia dois anos) para facilitar o processo de imigração. E esse dia foi um dos mais felizes da minha vida. Não porque estávamos casando, não porque esse dia simbolizaria o início da nossa família e muito menos porque estávamos formalizando nossa promessa de amor eterno. Tudo isso já existia e acredito que todos nossos amigos e familiares já sabiam disso. Vou tentar explicar porque esse dia foi tão especial.

Bjørn arrumou um trabalho na Noruega, yada yada yada, e em dois meses a gente estava com quatro malas e cuia dentro do avião. Nesses 60 dias tivemos que correr contra o tempo para juntar um monte papelada, e dinheiro, para dar entrar com o pedido de casamento no cartório. Confesso que fiquei muito frustrada com a forma que tudo estava acontecendo. Te dou um dado? 73% das mulheres sonham com sua festa de casamento. Dentre essas, 93% sonham com a festa de casamento desde o dia em que foram, de fato, pedidas em casamento. Eu, fazendo parte dessa estatística, já tive pensado e repensando aonde queria me casar, quem eu ia convidar, como ia ser meu vestido, a decoração… Com apenas dois meses pra planejar, eu sabia que não ia poder ter nada disso. Pelo tempo e pelo dinheiro. Precisávamos pagar rescisão de contrato de aluguel, passagens de avião, o casamento no cartório, inúmeros documentos que precisavam ser traduzidos oficialmente… qualquer gasto extra era impensável. Até a lua de mel seria adiada.

O que eu ainda não contei, eu acho, é que o noivo já estava na Noruega, e que ia voltar só por dois motivos:  1) claro, pra casar comigo; 2) Para o casamento do irmão dele, no qual seríamos padrinho e madrinha. Com pouco tempo de trabalho, ele não poderia tirar muitos dias de folga pra vir fazer tudo isso. Ou seja, ele chegava na quinta a noite, assinaríamos os papéis no cartório na sexta de manhã e no sábado seria o casamento do irmão dele e, finalmente domingo, embarcaríamos rumo à Escandinávia.

Teimosa e orgulhosa como sou, decidi que então não teria nada também. Não dava pra ser do jeito que eu queria comemorar, então Bjørn ia ficar me devendo um festa bem linda depois, com todos os meus amigos, um vestido bem caro e tudo mais que eu quisesse. Com latas atrás do carro e lua de mel!

E assim começa a história do dia mais feliz da minha vida.

Minhas super amigas com visão além do alcance, me encurralaram num canto e decidiram que iam fazer alguma coisa pra gente e para eu para com essa babaquice bobeira de não querer ter festa. Afinal de contas elas também queriam se despedir da gente e de participar desse dia.

Foram necessárias algumas sessões de terapia até eu aceitar que eu ia ter uma festa de casamento, que não seria do jeito que eu tanto sonhei, e que eu não ia poder fazer nada do jeito que eu queria… depois de muito espernear eu aceitei no meu coração.

E foi lindo. Todo mundo ajudou, cada um fez um pouco aqui e um pouco ali e ficou igual aqueles casamentos em casa que você vê nas revistas. E foi assim que eu me senti: como se meu casamento tivesse saído da revista. Eu adoro dizer isso, mas é verdade, veio gente do mundo todo. Veio até gente da África. E acho que chorei mais quando vi um dos meu melhores amigos ali na porta do cartório, vindo diretamente de Nova York, só pro casamento do que de fato no casamento. E a festa durou oito horas: teve cerimônia, teve flores, teve buquet, teve bolo, teve lembrancinha, teve Paçoquita, teve Polaroid, teve garçom que também era cinegrafista e filmou a cerimônia… mas não, infelizmente não pude chamar todo mundo que eu queria, mas de alguma forma, foi tudo… PERFEITO.

Antes que eu fique mil horas falando de como tudo foi lindo e maravilhoso, tem uma pequena amostra aqui.


Since I was coming to live with a Norwegian in Norway, we needed to officially marry (because we were already living together for the past two years) for the immigration process. And that day was one of the happiest of my life. Not because we were getting married, not because that day symbolizes the beginning of our family and a lot less because we were formalizing our promise of eternal love. All this was already there and I believe that all our friends and family knew that. I’ll try to explain why this day was so special.

Bjørn got a job in Norway, yada yada yada, and in two months we were inside the aircraft. In those 60 days we had to race against time to put together a lot paperwork, and money, really get married. I confess I was very frustrated with how everything was happening. Scientific research says that 73% of women dream about their wedding party. Among these, 93% dream of a wedding party since the day they were in fact proposed. I wasn’t any different. I had been thinking about where I wanted to marry, who I was going to invite, how would be my dress, the decor … With only two months ahead to plan, I knew it would not be able to have any of that. We had to save money because of the moving … any extra expense was unthinkable. Even the honeymoon would be delayed.

What I have not told you is that the groom was already in Norway, and would return only for two reasons: to marry me and for his brother’s wedding, which we would be godparents. Being new at work, he could not take many days off. So he arrived Thursday night, we would sing the papers on Friday morning and on Saturday was the brother’s wedding and finally, Sunday  we would fly towards Scandinavia.

Stubborn and proud as I am, I decided that I should not have anything. If it could not be the way I wanted to celebrate, then it wouldn’t. Bjørn would owe me a very beautiful party later with all my friends, a very expensive dress and everything else I wanted. With cans behind the car and a honeymoon!

And so begins the story of the happiest day of my life.

My super friends, cornered me and decided they were going to do something for us and it was for me to stop being silly about  not wanting to have a party. After all, they also wanted to say goodbye and be part of that day.

Few sessions of therapy were necessary until I accept that I was going to have a wedding party, and it would not be the way I dreamed so much about, and I was not going to do anything the way I wanted.

And it was beautiful. Amazing. Everyone helped, everyone helped a little here and a little there and it looked like those weddings at home you see in magazines. And that was how I felt: as if my marriage was on the magazine. I love to say it, because it’s true, people came from all over the world. There were people coming from Africa. And I think I cried more when I saw one of my best friends, coming directly from New York just for the wedding than the actual marriage. And the party lasted eight hours: it had a ceremony, flowers, a bouquet, cake, souvenirs, Paçoquita, Polaroid, and a waiter who was also a videomaker and filmed the ceremony … but no, unfortunately, I could not invite everyone I wanted, but somehow, everything was … PERFECT.

Enought with the writing, here it is small sample here.